Bolsonaro ainda não acordou para o coronavírus

Bolsonaro descumpre as orientações de seus próprios auxiliares, o ministro da saúde, foi chamado atenção por, segundo alguns aliados do presidente, não estar com um discurso alinhado.




Colunas, Paulo Junior

O coronavírus surgiu na China e rapidamente se espalhou pelo mundo, os casos se alastraram velozmente pelos países europeus e em seguida pelos continentes restantes. No final de fevereiro o Brasil registrou o primeiro caso, tratava-se de um senhor que havia viajado ao exterior. A partir daí, esperava-se a adoção de uma série de medidas de contingência, para que o vírus fosse minimamente controlado, diminuindo assim a sua força de contagio.

No entanto, o que se viu foi a ausência quase que total dessas medidas. Bolsonaro, aparentemente, não descobriu a gravidade da situação enfrentada, trata tudo com o mesmo olhar de sempre, baseado em frases feitas e elegendo culpados quaisquer. Neste momento, como em tantos outros, o mandatário nacional envolve-se nas suas teorias e as vende como verdade. Segundo o presidente, em duas declarações, o contágio pelo coronavírus trata-se de histeria e de um alarde desnecessário feito pela grande mídia mundial.

Chegou a levantar a possibilidade de que havia um processo conspiratório dentro do congresso para lhe tirar do poder, cegando-se a tudo que acontecia à sua volta. Inerte em seu mundo viajou aos Estados Unidos com uma comitiva de cerca de vinte e cinco pessoas, foi exposto ao vírus, pois este já estava em circulação no país. Ao retornar ao Brasil, desconvoca manifestações que ele afirmou não conclamar, no entanto, parte dos manifestantes ainda vai as ruas, e o presidente, que deveria estar em quarentena, as abraça, expondo todos a um possível contágio. Atualmente, são registrados mais de 600 casos no país, dezessete destes casos são da comitiva do presidente, ele próprio fará o teste novamente.

A economia, tão falada desde o início do governo, também sente os efeitos da crise, em menos de quinze dias a bolsa de valores brasileira teve suas operações paralisadas seis vezes, vem acumulando sucessivas quedas. No dia de hoje a Bolsa brasileira está no mesmo patamar de agosto de 2017. O dólar tem fechado todos os pregões próximos ou acima de cinco reais, o que consolida o real como uma das moedas que mais se desvalorizou neste ano.

Bolsonaro descumpre as orientações de seus próprios auxiliares, o ministro da saúde, foi chamado atenção por, segundo alguns aliados do presidente, não estar com um discurso alinhado. Estar com o discurso alinhado seria, à princípio, evitar o diálogo com governos da oposição. No caos governamental, o diretor da Anvisa (Agencia Nacional de Vigilância Sanitária) acompanha o presidente, registra seus passos, se entrega a multidão e contraria a instituição que preside.

Na última terça-feira, 17, o governo afirmou que buscaria junto ao congresso o reconhecimento de estado de calamidade pública, todavia, a ação vem somente após a crescente dos casos e a confirmação da primeira morte, porém, hoje já são sete óbtos confirmados. Além da constatação, pelo núcleo do presidente, que as narrativas criadas não emplacaram. Observando a diminuição da popularidade do presidente junto as redes sociais, sem citar os panelaços ouvidos em diversas capitais. Panelaços realizados no domingo, 15, na terça-feira,17 e na noite de ontem, 18.

Mesmo assim, Bolsonaro parece não acordar para o que ocorre. Na tarde de ontem, realizou uma coletiva de imprensa ao lado de oito ministros, todos usavam máscaras de proteção, agindo, assim, contra a recomendação da OMS (Organização Mundial de Saúde), que indica o uso apenas para cidadãos que apresentem sintomas. Sobre as medidas, destaca-se que o governo pagará um auxílio no valor de R$200,00 aos trabalhadores autônomos que forem atingidos durante o processo de contenção do croronavírus, as regras serão definidas a partir da aprovação do estado de calamidade. Além do socorro às empresas do setor aéreo e o fechamento parcial de fronteiras.

Ao final da coletiva, Bolsonaro demonstrou, mais uma vez, que ainda não acordou ao problema, pediu elogios, disse que o governo está ganhando de goleada, criticou a imprensa e divulgou os panelaços a seu favor. Bolsonaro está em uma realidade alternativa, paralela, segue devaneando em suas teorias, procurando culpados. Recentemente, o ministro Mandetta e o ministro Moro editaram uma portaria que permite que pessoas que descumpram a quarentena sejam presas, Bolsonaro disse que não se surpreendam se o virem andando em um metrô lotado. Bolsonaro não será preso, e livre, ele vive seu devaneio diário, para ele nada é grave, é tudo histeria. Tá ok?