30 anos sem Gonzagão

Eu tinha 6 anos quando papai escutou no rádio que Gonzagão havia falecido. Mamãe incrédula começou a contar como era grandiosa a obra do Rei do Baião. A ligação afetiva …




Cultura

Eu tinha 6 anos quando papai escutou no rádio que Gonzagão havia falecido. Mamãe incrédula começou a contar como era grandiosa a obra do Rei do Baião.

A ligação afetiva de Luiz Gonzaga com o Crato era forte e rapidamente esse se tornou o assunto na rua. Eu só sabia que Luiz Gonzaga tinha morrido. Que era o cantor que suas músicas tocavam em um programa no final da tarde na Rádio Educadora do Cariri e que ele era amigo da minha Bisavó paterna. Acho que sabia muita coisa, ou pelo menos o suficiente para entender o motivo das pessoas estarem tão comovidas com a morte.

Velório em Exu, foto de Antonio Vicelmo

Na tarde do dia 02 de agosto mamãe anunciou que eu tomasse banho e me organizasse, pois Luiz Gonzaga ia passar na “avenida”. Muito confuso pra mim, mas imaginei que fosse como os cortejos que eu costumava ver.

Banho tomado, roupa limpinha, cabelos com os cachinhos feitos com o cabo do pente. No final do dia fomos a Pracinha em frente ao Posto Independência, na subida da Ladeira do Joquinha. Era muita gente. Muitas pessoas vindo de vários lugares. Na minha cabeça de criança aquilo era confuso e emocionante.

O corpo de Luiz Gonzaga havia chegado de avião no Aeroporto de Juazeiro do Norte, seguiu em cortejo até Exu – PE e passaria pelo Crato, não só pela simples obrigação do trajeto, mais porque o povo do Crato queria se despedir de seu amigo celebre, que em tantas vezes cantou o nome da pequena cidade.

“Lá vem” gritou uma das minhas vizinhas. Alguém me colocou nos ombros e pude ver um grande caminhão dos Bombeiros acompanhado de tantos outros carros. Ali era o maior cortejo que eu tinha visto, aquela imagem é nítida nas minhas lembranças. Uma homenagem a altura do que foi Luiz Gonzaga.