Caso Ágatha: PMs envolvidos na investigação devem prestar depoimento nesta segunda

Ágatha é a quinta criança morta em ações policiais no estado do Rio de Janeiro




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Caso Ágatha: PMs envolvidos na investigação devem prestar depoimento nesta segunda

Foto: Reprodução redes sociais

Os policiais militares envolvidos na ação que resultou na morte de Ágatha Felix, de 8 anos, no Complexo do Alemão, deverão prestar depoimento nesta segunda-feira (23) na Delegacia de Homicídios da capital, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio de Janeiro.

A menina morreu na noite de sexta-feira (20). Ela estava dentro de uma Kombi com avô, quando foi atingida nas costas por um tiro de fuzil durante uma ação da Polícia Militar (PM). A polícia afirma que houve uma troca de tiros com bandidos, mas segundo testemunhas, a bala partiu dos PMs que atiraram contra uma moto que passava pelo local, e o tiro atingiu a criança. Ágatha chegou a ser levada para a UPA do Alemão e transferida para hospital Getúlio Vargas, mas não resistiu aos ferimentos.

Com a morte de Ágatha, sobe para 5 o número de crianças mortas em ações policiais no estado do Rio de Janeiro. Segundo o governo do Rio, houve uma queda 21% no número de homicídios dolosos nos primeiros meses do ano.

Enquanto os homicídios dolosos caíram, as mortes por agentes da segurança pública aumentaram. De acordo com dados do Instituto de Segurança Pública do estado, a polícia nunca matou tanto quanto agora, entre janeiro e agosto desse ano foram registrados 1.249 casos.

Denúncia à ONU

A morte de Ágatha Félix comoveu milhares de pessoas, os movimentos sociais de favelas do Rio de Janeiro e a organização não governamental Justiça Global a denunciarem o governador Wilson Witzel e o Estado Brasileiro ao Alto Comissariado da Organização das Nações Unidas para Direitos Humanos. A denúncia afirma que a “morte de Ágatha é consequência direta da política de abate imposta pelo governador às favelas do Rio”.

Assinam o pedido os movimentos Papo Reto, Fórum Grita Baixada, Instituto Raízes em Movimento, Fórum Social de Manguinhos, Mães de Manguinhos, Movimento Moleque, Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência e Arquitetxs Faveladxs.

O assassinato de Ágatha também gerou críticas à política de segurança pública por parte da Ordem dos Advogados do Brasil, da Anistia Internacional no Brasil e da Defensoria Pública do Estado do Rio.

“As mortes de inocentes, moradores de comunidades, não podem continuar a ser tratadas pelo governo do Estado como danos colaterais aceitáveis. A morte de Ágatha evidencia mais uma vez que as principais vítimas dessa política de segurança pública, sem inteligência e baseada no confronto, são pessoas negras, pobres e mais desassistidas pelo Poder Público”, disse a seccional fluminense da OAB.