O Projeto Células Motivadoras, realizado por estudantes da Escola de Ensino Médio Adrião do Vale Nuvens, de Santana do Cariri – CE, foi um dos sete projetos do Brasil premiados pelo 5º Desafio Criativos da Escola 2019, promovido pelo Instituto Alana, uma organização sem fins lucrativos dedicada aos direitos das crianças.
As idealizadoras do projeto, Maria Alicy, Liliane Araújo e Joana Nuvens, acompanhadas do professor orientador Moaci Junior, irão representar o Brasil em Roma, na Itália, em novembro deste ano.
O Células Motivadoras consiste em prevenir o abandono e trazer de volta quem deixou de ir à escola, a partir de visitas domiciliares a alunos que desistiram de estudar. 19 alunos participam do projeto e se dividem em três grupos, cada um responsável por uma das três séries do Ensino Médio.
Quem acredita sempre alcança e vai a Roma
No Brasil, a evasão escolar muitas vezes é reflexo da ausência de políticas públicas de permanência, que vai desde necessidades básicas anteriores ao processo de ensino-aprendizagem, como merenda escolar e transporte público de qualidade, até investimentos em tecnologia, incentivo aos alunos e valorização dos professores.
Em Santana do Cariri, não é diferente. São várias as dificuldades que estudantes e educadores enfrentam na busca de um presente e futuro melhor, pautado na educação. O Projeto “Células Motivadoras” começou quando Maria Alicy, Liliane e Joana chegaram ao Ensino Médio e perceberam tamanha desmotivação dos estudantes quando o assunto era “terminar os estudos”, como é comum ouvir na pequena cidade do interior cearense.
“A gente percebeu que a evasão escolar não acontecia só na nossa escola, mas em muitas outras também, e quis pensar uma forma de ajudar os alunos a enfrentarem as dificuldades”, diz Liliane.
Muitos deixam a escola porque precisam trabalhar para ajudar em casa, outros se desviam do caminho da educação por pouco incentivo e, o Células Motivadoras, vai na contramão desses fatos. Ao monitorarem as frequências e perceberem que seus colegas estão faltando bastante, as três estudantes procuram conversar com esses alunos e convencê-los na boa conversa e sob uma ótica otimista, a voltarem para escola.
“Se conseguir evitar evasão, há mais chance de o estudante permanecer na escola, porque, uma vez que ele desiste, já está com a decisão tomada e dificilmente retorna. Muitas vezes, a gente nem consegue fazer a visita, porque o aluno recebe a carta, sabe o que vem em seguida e já manda avisar que não quer que a gente vá”, comenta Moaci Junior.
O projeto visa se expandir cada vez mais, além de atuar na própria escola das estudantes, é uma possibilidade construir parcerias com outros colégios do município de Santana do Cariri e, até mesmo, da região do Cariri, do Estado do Ceará e do Brasil. E agora, com a visita à Roma, por que não do mundo?
“Queremos quebrar mais barreiras, e já demos um primeiro passo na nova fase do projeto, que é firmar parcerias para que ele possa ser usado em outras escolas”, diz Maria Alicy.
Em meio a tantas dificuldades, é possível acreditar na mudança coletiva, a partir de um grande cordão, no qual estudantes, professores e toda a sociedade busquem um país melhor que realize sonhos através de uma educação de qualidade. Uma, duas ou três células unidas a outras milhares, podem construir um potente organismo de motivação, acreditando em projetos de vida e de esperança. Quem acredita sempre alcança, e também vai a Roma.
