‘Não se assustem se alguém pedir o AI-5’ diz Guedes em relação a protestos

O AI-5 é considerado o início do período mais duro da ditadura militar, em 1968.




Política
'Não se assustem se alguém pedir o AI-5' diz Guedes em relação a protestos

Foto: Reprodução/TV Globo

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse a jornalistas na última segunda-feira (25), para não se assustarem caso alguém peça o AI-5 diante “quebradeiras”, termo atribuído a manifestações que estão ocorrendo em alguns países da América e a discursos contrários ao Governo Bolsonaro. A declaração foi alvo de críticas e fez com que o ministro, voltasse atrás, mas, repetisse ameaça.

“Não se assustem então se alguém pedir o AI-5. Já não aconteceu uma vez? Ou foi diferente? Levando o povo para a rua para quebrar tudo. Isso é estúpido, é burro, não está à altura da nossa tradição democrática”

A reação se deu quando jornalistas perguntaram sobre as manifestações populares em países vizinhos, como Equador, Chile e Bolívia, contra reformas econômicas e também sobre declarações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que criticou a política econômica do governo.

No final de outubro deste ano, o filho do presidente, Eduardo Bolsonaro, também trouxe à tona a proposta do AI- 5. Nas palavras do então deputado (PSL-SP), a medida seria adotada  se a esquerda “radicalizar” no Brasil, uma das respostas do governo poderá ser “via um novo AI-5”. 

O Ato Institucional 5 (AI-5) foi baixado no dia 13 de dezembro de 1968, durante o governo de Costa e Silva, um dos cinco generais que governou o Brasil durante a ditadura militar (1964-1985).

Logo após a declaração, Guedes se corrigiu e disse que seria inconcebível pensar num ato de repressão da ditadura militar.

“É inconcebível, a democracia brasileira jamais admitiria, mesmo que a esquerda pegue as armas, invada tudo, quebre e derrube à força o Palácio do Planalto, jamais apoiaria o AI-5, isso é inconcebível. Não aceitaria jamais isso.”

Reações

Políticos como Jean Wyllys, Manuela D’Ávila e Paulo Pimenta foram às redes sociais repudiar a declaração.

O líder da bancada do PT na Câmara, Paulo Pimenta (PT-RS), afirmou que “com democracia não se brinca”. “Embora o chefe dele seja fã do ditador Augusto Pinochet, o Paulo Guedes precisa saber que não estamos em 1964 e nem no Chile de 1973. Falar de AI-5 como se isso fosse um fato normal da vida política brasileira é uma ofensa à sociedade”, disse.

“Brasil viveu intensas manifestações de todos os lados nos últimos 40 anos e ninguém falou em AI-5. Agora, exortar o uso da força é recorrente. Antes de tudo, um governo de covardes”, afirmou o deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP). O ex-parlamentar pelo PSOL Jean Wyllys afirmou que a “desgraça” foi anunciada desde as eleições de 2018.