Queda de braço: entenda a guerra entre o PSL e Bolsonaro

Entenda o conflito interno do partido, desde os áudios vazados com ameaças e retaliações até o possível desfecho com recuo e pacificação.




Política
Queda de braço: entenda a guerra entre o PSL e Bolsonaro

Foto: Reprodução

Divulgação de áudios, ameaças e retaliações lançadas na última quinta-feira (17) transformou numa guerra a crise que opõe o presidente Jair Bolsonaro e a cúpula do seu próprio partido, o PSL. Após tentar desligar o grupo do presidente nacional do partido, deputado Luciano Bivar (PE), Bolsonaro sofreu derrotas de peso.

Tudo começou quando, na semana passada, Bolsonaro aconselhou um apoiador que se apresentou como pré-candidato no Recife a esquecer o partido. Quando Bolsonaro notou que o nome dele foi mencionado com o de Luciano Bivar numa gravação em vídeo, retaliou com repulsa:

“Não divulga isso não, o cara tá queimado pra caramba lá, e vai queimar o meu filme também. Esquece esse cara, esquece o partido”.

Em poucos dias após as declarações, Bolsonaro fritou o presidente do partido, Luciano Bivar, detonou o líder do partido, o deputado delegado Waldir e destituiu a líder do governo no Congresso, a deputada Joice Hasselman. Em resposta, o governo perdeu praticamente metade da bancada, de 53 deputados.

Ao saber dessas articulações do presidente, o líder do partido, delegado Waldir não se conteve. O áudio foi vazado depois da reunião com colegas do partido. “Eu vou implodir o presidente. Eu andei 246 cidades, no sol gritando o nome desse vagabundo”.

Por trás desse movimento, está a estratégia de Bolsonaro de se desvincular de denúncias de desvio de dinheiro do fundo eleitoral que recaem sobre a legenda. Com essa guinada política, o presidente assume alguns riscos.

O agravamento desta crise toma proporções que não só afetam a atual administração e a articulação do governo com o Congresso Nacional. A queda de braço envolve três frentes principais.

O controle do PSL

Nesta guerra interna dentro do partido, os aliados ao Bolsonaro desejam controle absoluto do partido. Já os aliados do presidente do PSL, Luciano Bivar, dizem que ele não vai entregar “de jeito nenhum” a sigla do partido.

O controle da verba milionária do PSL

Antes das eleições de 2018, o PSL era considerado um partido nanico. Atualmente, possui a segunda maior bancada na Câmara. Graças a isso, o PSL tem direito a uma verba milionária no Fundo Especial de Assistência Financeira aos Partidos Políticos (o chamado fundo partidário) e do Fundo Especial de Financiamento de Campanha (o fundo eleitoral);

A saída ou não de Bolsonaro e de deputados do PSL

Caso Bolsonaro e cerca dos 20 deputados considerados infiéis abrirem mão do dinheiro do fundo partidário, a cúpula do partido avalia liberá-los. Esses deputados, porém, pensam em optar por uma saída jurídica caso decidam deixar a sigla. Isso porque, todos eles correm o risco de perderem o mandato, já que o partido pode recorrer à Justiça Eleitoral, se um parlamentar se desfilie sem justa causa.

Se o número deputados insatisfeitos que pensam em deixar o partido seja confirmado, entra o fato de que, se saírem, vão deixar uma considerável fatia de verba e tempo de TV para aqueles que ficarem.

Nova liderança do PSL na Câmara: a tentativa falha de Eduardo Bolsonaro

Os bolsonaristas tentaram colocar o filho do presidente, Eduardo Bolsonaro (RJ) no lugar do Delegado Waldir (GO). Porém, a área técnica da Casa invalidou os documentos por não ter alcançado a quantidade de assinaturas necessárias.

Deputado Eduardo Bolsonaro (RJ), teve tentativa frustrada de ocupar o lugar do líder do partido Delegado Waldir. Foto: Reprodução.

Recuo do líder do partido

“É que nem mulher traída, apanha, mas volta”. Foi o que disse o líder do partido, Delegado Waldir, nesta quinta-feira (17), voltando atrás depois de ser gravado dizendo que implodiria o presidente Jair Bolsonaro. O deputado, justificou explicou que a tal ameaça de implosão foi efeito de um “momento de sentimentos”.

“Isso já passou. Nós somos Bolsonaro. Somos que nem mulher traída, apanha, mas mesmo assim volta ao aconchego”, afirmou nesta quinta-feira (17).

O deputado afirmou ainda que foi motivado por um sentimento de ingratidão por parte do presidente com os parlamentares. O líder afirmou que se empenhará para unificar a bancada.