Teatro de inclusão

A acessibilidade ainda está distante na nossa cultura. Nosso Cariri ainda está longe de uma cultural acessível. Ainda representamos várias regiões brasileiras que não têm cinema, teatro ou museus oferecendo a audiodescrição para deficientes  visuais. Em um mundo em que tudo é construído e planejado para quem dispõe de todos os cinco sentidos em perfeito estado, é ‘comum’ que …




A acessibilidade ainda está distante na nossa cultura. Nosso Cariri ainda está longe de uma cultural acessível. Ainda representamos várias regiões brasileiras que não têm cinema, teatro ou museus oferecendo a audiodescrição para deficientes  visuais.

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Em um mundo em que tudo é construído e planejado para quem dispõe de todos os cinco sentidos em perfeito estado, é ‘comum’ que o diferente seja ignorado, esquecido, que não seja sequer cogitado.

Já em São Paulo e no Rio, algumas salas de cinema, por exemplo, oferecem o serviço de audiodescrição para pessoas com deficiência visual. Imagine poder apenas ouvir um espetáculo de teatro ou de cinema. Assim como outras formas de entretenimento, como programas de televisão e espetáculos de dança, o cinema é construído para quem vê. O silêncio entre as personagens, a transição de uma cena para outra e até a trilha sonora que sobe gradativamente para criar tensão não funcionam sem estarem associados à imagem. Essa barreira manteve e ainda mantém muitos deficientes visuais longe de nossos produtos culturais.

Desejo que algum dia possamos ir ao teatro e ter acesso a um fone de ouvido, sentar na poltrona e ter uma identificação em Braille e lugares marcados pra cadeirantes… Enfim, que se ofereça o acesso à Arte para pessoas deficientes como qualquer para outra pessoa.

Os deficientes existem e consumem cultura, porque alguns têm mesmo condições: não é esmola. A prova disso é que os projetos que existem têm adesão.

Para mim, mais importante ainda é mostrar que a acessibilidade é um investimento porque é pública, que existe também na legislação. A acessibilidade é um direito, e isso não tem que ser discutido. Se é direito e é legal, é necessário que as instituições privadas e, principalmente, as públicas, entendam que não é favor.

Texto de Arlet Almeida