Uma viagem com gostinho de várias

FOTO | WESLEY GUILHERME Por onde começar, meu pai? Toda viagem tem o seu auge, mas a nossa ida à Salvador para o Enecult (Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura) já começou no clímax. Acordamos quatro horas da manhã para ir ao Giradouro “pegar” o ônibus da Universidade, mas alguém esqueceu de avisar aos motoristas …




Coluna do Paulo Rossi

FOTO | WESLEY GUILHERME

Por onde começar, meu pai? Toda viagem tem o seu auge, mas a nossa ida à Salvador para o Enecult (Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura) já começou no clímax. Acordamos quatro horas da manhã para ir ao Giradouro “pegar” o ônibus da Universidade, mas alguém esqueceu de avisar aos motoristas o horário. Chegaram sete. Comemos tapioca deliciosa em frente ao Zé Carioca de uma senhora. Frango com queijo e catupiry. E enfim embarcamos.

Após rodar o dia todo, o presente: o ônibus quebra. Algo numa tal correia d’água. Teríamos que passar noite em Teofilândia. Não queríamos. Lá vamos nós, 28 pessoas, tentar então entrar num outro ônibus com destino a Salvador que passava pela pista. Malas no asfalto e dignidade no chão, meia hora depois embarcamos. E ao chegar cada um nas suas casinhas.

Minha trupe foi composta por oito amigos. Carinhosamente apelidada de “Kitnet do Gugu”, tivemos eliminações imaginárias ao longo dos dias – eu fui o primeiro, mas juro que foi injustiça, Bial! -. E entre brigas, amor, brigas, encontros, brigas, desencontros, brigas, conversas pela madrugada, brigas, brincadeiras, brigas, álcool, brigas, UFBA, brigas e muitos passeios, curtimos Salvador de diversas maneiras, cada um ao seu jeito.

Alguns dos points você precisa conhecer: no Rio Vermelho, Acarajé da Cira no largo da Mariquita – o refri você compra a ambulantes – e botequinhos. Pertinho dali tem Coliseu do Forró. Perto tem a praça da Dinha, com uma tapioca deliciosa. Mas o ponto alto da orla é, sem dúvidas, o Point do Japa, com caipirinha em dobro, bebê! Além de muita música, gente simpática e o mar de pessoas – ba dum tsss – que se forma ao longo da beira-mar e na frente desse lugar incrível.

O resto você já sabe: Pelourinho, Farol, Barra. Pela Barra, aliás, você pode tomar sorvete no Chiquinho, e comer próximo ao Farol no Hostel Salvador Surf, de argentinos maravilindos! Saudades daquele PF à la Argentina delicioso por R$ 13 reais, aliás, aff. Lá fizemos amizade com um francês que disse amar o Brasil mais que a França – vai saber, né? Quando perguntei porquê ele disse: “né assim, a gente nunca valoriza o nosso lugar” no seu português confuso -. Há corda, Brasil! Fomos a outros pontos, mas acredito que cada um descobre os melhores lugares por si só. E, ah! Coma muito acarajé: tem em todo lugar.

Se muitas eram as vibes e as pessoas e suas formas diferentes de curtir a viagem, não há dúvidas: essa foi uma viagem com gostinho de várias. Gratidão a cada um, principalmente aos queridos que compartilharam casa comigo. Nunca vou esquecer de acompanhar briga com direito a polícia no Rio Vermelho ou andar a pé atrás de Mc Donald’s com Alexia. Ou de tirar 17.000 fotos com Manoel. De falar que Adler e Júlia fizeram tour pelos shoppings – “estou só comentando” -, tomar mojito com Gabriela, tomar susto com Sarah ao vê-la na sala chegando ao apartamento, ficar aos cuidados de Wesley enquanto estava bêbado tentando pegar água com as mãos, chamando policiais de filhos da puta, fazendo-os rir – graças a Deus, já pensou o risco que corri? -, tentar subir numa árvore e não conseguir e quase ser atropelado vinte vezes.

Entre a ida carregada de emoções e atrasos e a volta contemplativa na janela do busão da UFCA depois de ouvir os vinte e oito relatos de como Salvador foi icônica e curtida de forma diferente por cada um, muitos pensamentos sobre a vida e a beleza de curtir um bom momento vieram à tona. Só quem viveu sabe.